Health StyleUma viagem começa bem antes do momento em que entramos no avião ou no carro para curtir as tão sonhadas férias. Ela tem início quando começa a ser sonhada, planejada. E são muitos os detalhes que precisam ser considerados para que uma viagem possa ser feita com tranquilidade. Um deles é a vacinação.
Dependendo do país ou mesmo do estado que se pretenda conhecer dentro do Brasil, são exigidas algumas vacinas para garantir tanto a segurança de quem viaja quanto de quem vive no local. Em algumas regiões do Brasil e também fora do país, algumas imunizações são obrigatórias, como as que protegem contra febre amarela e dengue.
Quem vai viajar para o exterior precisa ficar atento à exigência de comprovação da imunização adequada de acordo com o país de destino. No caso de febre amarela, a imunização deve ser comprovada pelo Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia (CIVP), que deve ser solicitado em postos de atendimento da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em portos, aeroportos e fronteiras, ou pela internet.
Pela internet, o pedido é feito pelo portal gov.br. Basta procurar pelo serviço “Tirar o Certificado Internacional de Vacinação”, fazer o cadastro e preencher o formulário. Para isso, é necessário CPF e imagem digitalizada do comprovante de vacinação (com dados pessoais e dados da vacina).
Após receber o e-mail automático informando que a análise da solicitação foi concluída, é possível acessar o Certificado, que estará anexado ao protocolo da solicitação, na área “Minhas solicitações” do portal gov.br. O documento fica disponível para impressão sempre que necessário.
A emissão do certificado não possui custos e é realizada por meio da apresentação da carteira de vacinação nacional. A vacina tem validade por toda a vida.
Qual a importância de tomar a vacina ao viajar?
A vacinação visa à proteção contra doenças que podem ser prevenidas com vacinas para que assim se reduza o índice de infecção e mortalidade de doenças ligadas às viagens.
Todo turista deve estar em dia com as vacinas de rotina do Calendário Vacinal do Brasil e verificar quais vacinas são indicadas no país de destino.
Estar com a vacina em dia garante que você, sua família e amigos desfrutem ao máximo a viagem, com segurança.
Medicina do viajante
Para quem é amante de viagens, é recomendado conhecer melhor o que é a medicina do viajante e como ela pode contribuir para uma viagem segura. Esta é uma especialidade médica relativamente nova no Brasil, voltada especificamente para viajantes. Ela visa à proteção da saúde dos que se deslocam por meio de orientações, medidas educativas e ações preventivas.
O médico analisa o quadro clínico do paciente e faz recomendações de acordo com o destino da viagem, levando em conta o clima do local, se há focos de doenças contagiosas, qual é a culinária típica, como são as condições de saneamento e os principais costumes locais. Com isso, o viajante pode tomar as vacinas necessárias e ser informado sobre cuidados com higiene ou receber indicação de medicamentos para problemas mais comuns no local visitado.
Quando devo tomar as vacinas para viajar?
A imunização deve ser realizada cerca de quatro a oito semanas antes da viagem – a depender do destino.
Esse é o tempo necessário para gerar resposta imunológica. No entanto, é preciso ficar atento, pois algumas vacinas precisam de reforços com intervalos de 30 a 60 dias. Além disso, cuidados especiais devem ser dados aos idosos, gestantes e pessoas imunodeprimidas.
Onde se vacinar?
As vacinas presentes no Calendário Nacional de Vacinação são disponibilizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e podem ser encontradas em Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e Centro de Referências de Imunobiológicos Especiais (CRIEs).
A rede privada também oferece o serviço, sendo possível realizar a vacinação em clínicas especializadas e laboratórios.
Como saber quais vacinas preciso tomar?
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), não há um calendário internacional de vacinação para todos os viajantes.
Para cada situação é adotada uma recomendação personalizada, de acordo com os países a serem visitados, dependendo do tipo, duração e tempo disponível para aplicação da vacina antes da partida.
Ou seja, quem vai viajar para o exterior deve consultar se o país de destino exige alguma vacina. Se o voo tiver escala ou conexão, deve-se conferir todos os países por onde irá passar, pois mesmo que eles não sejam o seu destino, você não pode desembarcar na região caso não tenha todos os documentos e vacinas obrigatórias no território.
As exigências podem mudar a qualquer momento, por isso é importante que os viajantes consultem informes disponibilizados pelo consulado ou embaixada do país que irá visitar.
Também é possível consultar as vacinas exigidas em cada país pelo site CIVNET.
Vacinas indicadas para quem irá viajar
As vacinas para viajar variam conforme a região. No geral, além da vacina contra a Covid-19, a de febre amarela é uma das mais solicitadas por diferentes territórios.
Com a exceção dessas duas, não existem outras vacinas obrigatórias para viajar. Entretanto, há várias recomendações para evitar a contaminação e a proliferação de doenças e vírus.
As doses contra hepatite A e B, tétano, sarampo, caxumba, rubéola e raiva são recomendadas para viajar a qualquer lugar, seja pelo Brasil, seja uma viagem internacional.
Para um destino internacional, atente-se ao idioma do comprovante de vacinação exigido (inglês, espanhol ou francês).
As principais vacinas que devem ser tomadas por quem vai viajar incluem:
Tríplice viral: protege contra sarampo, caxumba e rubéola. Esse imunizante é administrado em duas doses, sendo que a primeira é recomendada para crianças a partir de um ano de idade e a segunda aos 18 meses.
Adultos até 29 anos, que não receberam a vacina, devem receber as duas doses. Para pessoas entre 30 e 49 anos, a vacinação é em dose única. A tríplice viral é recomendada para quem vai viajar pelo continente europeu de forma geral, apesar de não ser obrigatória.
Tríplice bacteriana: imuniza contra difteria, tétano e coqueluche e deve ser aplicada em crianças com até sete anos, em doses aos dois, quatro e seis meses. Dois reforços devem ser realizados aos 18 meses e aos quatro anos. Após os sete anos de idade, é recomendado receber uma dose do imunizante de dTpa – tríplice bacteriana acelular do tipo adulto e duas doses de dT (dupla do tipo adulto).
A coqueluche é considerada um importante problema de saúde pública nos países desenvolvidos e surtos recentes de difteria também têm aparecido em países como Haiti e Venezuela.
Poliomielite: o Ministério da Saúde recomenda que os viajantes que se deslocarão para os países endêmicos, de risco ou com surtos da doença, como Afeganistão e Paquistão, procurem um posto de vacinação, pelo menos quatro semanas antes da data da viagem, para atualização da vacinação contra pólio.
O imunizante é aplicado a partir dos dois meses de vida, com mais duas doses aos quatro e aos seis meses, além dos reforços entre 15 e 18 meses e aos quatro anos de idade.
Meningite: existem três vacinas contra meningite: Meningocócica C, Meningocócica B e Meningocócica Conjugada Quadrivalente (ACWY), sendo que antes de receber qualquer um desses imunizantes é importante consultar se a localização da viagem oferece o risco de contrair o vírus, para entender qual vacina os viajantes devem receber.
As vacinas são recomendadas para aqueles que pretendem viajar para a região subsaariana da África (do Senegal à Etiópia), conhecida como “cinturão da meningite”, e exigida pela Arábia Saudita para os peregrinos que vão a Meca e Medina. A vacina meningocócica C é aplicada aos três e cinco meses de idade, com reforço aos 12 meses. A ACWY é indicada para adolescentes entre 11 e 14 anos. Já a vacina meningocócica B deve ser aplicada aos três, cinco e sete meses de vida e entre 12 e 15 meses.
Hepatites A e B: as vacinas são indicadas para pessoas que planejam viajar para Ásia, África e regiões Norte e Nordeste do Brasil.
Nesse caso, o esquema vacinal envolve a aplicação de duas doses para crianças e adolescentes a partir de um ano e menores de 16, com intervalo recomendado de seis meses entre os imunizantes. Para pessoas a partir dos 16 anos, a recomendação é de três doses da vacina, com intervalo de um mês após a primeira dose e de cinco meses após a segunda.
Alguns destinos que recomendam a vacina, apesar de não ser obrigatória, são a Argentina, o Peru e o Chile, especialmente a região da patagônia chilena.
Na Europa, é recomendado se vacinar contra as hepatites A e B quem pretende ir para países ao norte do continente, como Noruega, Islândia, Dinamarca e Finlândia, ou ao sul, como é o caso da Espanha e da Itália.
Febre amarela: a vacina contra a febre amarela é obrigatória para algumas viagens ao exterior, em que é pedido o cartão de vacina internacional atualizado.
Essa vacina deve ser administrada a partir dos nove meses de vida até os 59 anos em dose única. Deve tomar a vacina quem pretende viajar para estados como São Paulo, Minas Gerais, Acre, Amazonas, Amapá, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Roraima, Rondônia, Tocantins e Distrito Federal.
Os países que requerem a vacina contra febre amarela podem ser consultados no site da Anvisa. Alguns exemplos incluem: África do Sul, Austrália, Egito, Indonésia e Tailândia. A vacina deve ser tomada pelo menos dez dias antes do embarque para ser considerada válida pelos órgãos de fiscalização.
Gripe/vírus influenza: todas as crianças entre os seis meses de vida e nove anos devem receber a vacina em duas doses com intervalo de um mês, além da revacinação anual. Para pessoas acima dos nove anos, a aplicação do imunizante deve ser em dose única anual.
É especialmente importante para quem pretende viajar para locais onde estejam ocorrendo surtos de gripe na época.
Pneumocócicas: as vacinas pneumocócicas se apresentam em três tipos: Conjugada 10-valente (VPC10), Conjugada 13-valente (VPC13) e Polissacarídica 23-valente (VPP23).
Todas as crianças entre dois meses e seis anos devem receber os imunizantes. A partir dos seis anos, aos adolescentes e adultos portadores de algumas doenças crônicas são recomendadas as vacinas VPC13 e VPP23. Já para pessoas com mais de 50 anos e, sobretudo, para maiores de 60, indica-se esquema com as vacinas VPC13 e VPP23.
Dengue: a vacina, que só deve ser tomada por quem ainda não teve a doença, protege contra infecções causadas pelos quatro sorotipos (DEN1, DEN2, DEN3 e DEN4). São três doses, com intervalo de seis meses entre elas.
Deve fazer parte das medidas de proteção de viajantes que pretendem seguir para os países da África, das Américas, do Mediterrâneo Oriental, Sudeste Asiático e do Pacífico Ocidental.
Febre tifoide: diferentemente da febre amarela, a febre tifoide não é transmitida por picadas de insetos, e sim pelo contato com bactérias presentes em secreções de pessoas infectadas. Sua ocorrência está diretamente ligada a condições precárias de saneamento básico e higiene.
A vacina contra a febre tifoide é recomendada principalmente para quem pretende viajar para as regiões Norte e Nordeste do Brasil, onde há uma maior incidência de problemas relacionados ao saneamento básico. A vacina pode ser tomada por crianças a partir de dois anos de idade, em dose única.
Raiva: a vacina antirrábica não é utilizada apenas após o contato com o vírus, ou seja, ela pode ser recomendada como prevenção da raiva, doença transmitida pela saliva de animais contaminados.
Para a vacina pré-exposição são indicadas três doses e, na pós-exposição, quatro. A imunização é recomendada para quem está com viagem programada para os países da Ásia, África e Europa.
Covid-19: nem todos os países exigem a comprovação de vacinação contra Covid-19; sendo assim, é importante checar se o destino escolhido é um deles. A vacina pode ser tomada por crianças a partir de seis meses de idade.
Principais vacinas exigidas em alguns países
Aruba: febre amarela para todos os viajantes a partir de 9 meses de idade
procedentes de países com risco de transmissão de febre amarela, inclusive de
viajantes que fizerem conexão por mais de 12 horas em um desses países.
Austrália: febre amarela para todos os viajantes, a partir de 1 ano de idade,
procedentes de países com risco de transmissão de febre amarela (exceto
Ilhas Galápagos, no Equador), inclusive viajantes que fizerem conexão de 12
horas ou mais em algum desses países (exceto Ilhas Galápagos, no Equador).
Bahamas: febre amarela para todos os viajantes a partir de 1 ano de idade
procedentes de países com risco de transmissão de febre amarela, inclusive
viajantes que fizerem conexão por mais de 12 horas em um desses países.
Catar: febre amarela para todos os viajantes a partir de 9 meses de idade
procedentes de países com risco de transmissão de febre amarela e contra a
poliomielite para todos os viajantes procedentes de países endêmicos.
Cingapura: febre amarela para todos os viajantes a partir de 1 ano de idade
procedentes de países com risco de transmissão de febre amarela, inclusive de
viajantes que fizerem conexão por mais de 12 horas em um desses países.
Curaçao: febre amarela para todos os viajantes a partir de 9 meses de idade
procedentes de países com risco de transmissão de febre amarela, inclusive de
viajantes que fizerem conexão por mais de 12 horas em um desses países.
Jordânia: meningite meningocócica e prova de vacinação para influenza
sazonal para viajantes peregrinos do Hajj que partem do país.
Maldivas: poliomielite é necessária para pessoas que viajam de/para países
exportadores de poliovírus, bem como para peregrinos do Hajj e Umrah. Além
disso, é exigido vacina contra febre amarela para todos os viajantes a partir de
9 meses de idade procedentes de países com risco de transmissão de febre
amarela, inclusive viajantes que fizerem conexão por mais de 12 horas em um
desses países.
Marrocos: poliomielite a todos os viajantes provenientes de países afetados
pela poliomielite, comprovando a administração de uma dose da vacina contra
poliomielite nos últimos 12 meses e, a pelo menos, 4 semanas antes da
viagem.
República Dominicana: febre amarela para viajantes a partir de 1 ano de idade
procedentes dos seguintes estados brasileiros: Minas Gerais, Espírito Santo,
São Paulo e Rio de Janeiro, inclusive viajantes que fizerem conexão por mais
de 12 horas nesses locais.
Tailândia: febre amarela para todos os viajantes a partir de 9 meses de idade
procedentes de países com risco de transmissão de febre amarela, inclusive
viajantes que fizerem conexão por mais de 12 horas em um desses países.
E quando a pessoa não pode se vacinar?
Para casos em que a vacinação é contraindicada, deverá ser emitido o Atestado de Isenção de Vacinação.
A emissão deste certificado é realizada pelo médico. Recomenda-se a utilização do modelo de atestado de isenção da Anvisa.
Antes de viajar, além da vacinação completa, fique atento a alterações na rotina, alimentação, sono e temperatura, pois esses fatores podem afetar o corpo durante a viagem de férias. Comidas diferentes, privação de sono e exposição a temperaturas extremas podem causar um desequilíbrio e reduzir a imunidade do organismo.
No retorno de qualquer viagem nacional ou internacional, caso venha a apresentar algum sinal ou sintoma, como febre, dor de cabeça, mal-estar geral ou qualquer outra alteração na saúde, recomenda-se que o viajante procure um médico ou serviço de saúde informando os locais por onde viajou, inclusive com as escalas e conexões.
Os profissionais dos serviços de saúde são responsáveis por notificar a autoridade sanitária competente no caso de doenças e agravos de interesse à saúde pública internacional.
Ref.:
https://www.saudedoviajante.pr.gov.br/Pagina/Vacinas-para-quem-viaja-para-outro-pais
https://www.saudedoviajante.pr.gov.br/Pagina/Vacinas-para-quem-viaja-para-outro-pais
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/saude-do-viajante
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